Portugal é um país com um terroir muito rico e diversificado, onde a herança vitivinícola está há gerações enraizada. Entre os meses de agosto e outubro, as
colinas e os vales verdejantes ganham vida com um evento que é muito mais do que uma simples colheita de uvas: as vindimas. Esta secular tradição celebra, todos os anos, a cultura e a paixão do nosso povo pelo vinho, resultando em experiências únicas que misturam o trabalho árduo com momentos de alegria e confraternização.
De norte a sul do país, as vindimas são o processo de colher as uvas maduras das vinhas para a produção de vinhos. É um momento de grande relevância no ciclo anual das vinhas, além de ser um tributo à terra, à natureza e ao esforço da nossa gente. Este processo é planeado cuidadosamente ao longo do ano, uma vez que o momento da colheita afetará diretamente o sabor e a qualidade do vinho.
As nossas vinhas são conhecidas pela sua diversidade e autenticidade, com mais de 250 variedades de uvas autóctones. Desde o Alto Douro até às vinhas da região do Alentejo, cada localidade oferece uvas distintas que resultam em vinhos com perfis cativantes.
As vindimas são um processo complexo que envolve várias etapas, cada uma fundamental para a produção dos vinhos, tais como:
1- Preparação e seleção: as vindimas iniciam-se com a seleção cuidadosa das uvas e a preparação das vinhas. Os viticultores monitorizam o amadurecimento das uvas para então determinar o momento ideal para a colheita. Este processo é crítico, pois apenas as uvas maduras e saudáveis devem ser colheitas. Além disso, existem uvas que são deixadas nas vinhas propositadamente para originarem os vinhos de colheita tardia, sendo estes doces e com muita personalidade.
2- Vindimas: na esmagadora maioria das vinhas em Portugal, a colheita é realizada manualmente entre os meses de setembro podendo estender-se até outubro, neste caso, pode variar consoante a região e as castas. Os trabalhadores, equipados com baldes e tesouras, percorrem as fileiras das vinhas, colhendo à mão. A colheita manual é preferida para garantir que as uvas sejam tratadas com cuidado e que somente as melhores sejam selecionadas.
3- Transporte das uvas: após a colheita, as uvas são transportadas cuidadosamente para a adega, uma vez que, sem as devidas precauções, qualquer dano pode afetar as suas películas, oxidar ou fermentar de forma indesejada.
4- Desengace: as uvas passam por um processo chamado desengace, onde as bagas da uva se separam do seu engaço, evitando que o sabor amargo dos engaços entre no vinho.
5- Esmagamento: em algumas regiões, este processo é feito mecanicamente, enquanto em outros, especialmente em vinhos de alta qualidade, a prensagem é suave e manual. Conforme a tradição, o esmagamento manual das uvas ocorre través da pisa da uva, nos lagares, sendo espremidas para extrair o mosto (sumo).
6- Prensagem: esta etapa não ocorre em todos os vinhos, sendo especialmente dedicada aos vinhos brancos e determinados vinhos rosés. A prensagem serve para que não haja contacto entre o mosto com as películas e outros resíduos, resultando em vinhos puros.
7- Fermentação: o sumo resultante é colocado em tanques de fermentação, em que os açúcares presentes no mosto são convertidos em álcool e dióxido de carbono pela ação das leveduras. A temperatura e o tempo de fermentação variam, dependendo do tipo de vinho que se deseja produzir, sendo estritamente controlado pelos enólogos.
8- Maturação e envelhecimento: Após a fermentação, o vinho pode passar por um período de maturação em tanques de aço inoxidável ou barricas de carvalho, por exemplo, contribuindo para aprimorar o sabor e a textura do vinho. Além disso, o tempo de envelhecimento pode variar consoante o estilo de vinho que se pretende produzir.
9- Engarrafamento e rotulagem: quando o vinho atinge o ponto ideal de maturação, é engarrafado e rotulado. A escolha da garrafa, rolha e rótulo é importante para a preservação e identificação do vinho. As informações no rótulo incluem a região, as castas, o produtor e o tipo de vinho.
10- No copo: após todas estas etapas, o vinho está pronto a ser desfrutado, seja através de uma experiência singular ou até mesmo com uma boa refeição.
Cada uma das etapas acima é executada com precisão e paixão. Os vinhos transmitem as características do seu terroir, a sua tradição e, não menos importante: a incrível habilidade dos viticultores e enólogos. Desde a colheita manual até o engarrafamento, as vindimas no nosso país são um testemunho do compromisso com a excelência na produção de vinhos.